No post anterior, falamos do início da carreira dos Rolling Stones. Dando seguimento ao tema, no final da década de 1960, os Stones enfrentaram um dos momentos mais críticos de sua existência, com a saída de Brian Jones, co-fundador e multi-instrumentista da banda. A sua substituição por Mick Taylor em 1969 marcou o início de uma nova era para o grupo, caracterizada por uma abordagem mais sofisticada no que tange composição e produção musical. Este período, que se estendeu até 1972, foi marcado pela experimentação e pela expansão do som dos Stones, consolidando sua posição como uma das maiores bandas de rock de todos os tempos.
“Their Satanic Majesties Request” (1967)
Lançado em 1967, “Their Satanic Majesties Request” representou um turbulento ponto de inflexão na carreira dos Rolling Stones. O álbum trouxe diversas novidades para a banda, sendo o primeiro gravado em estéreo e marcando uma audaciosa incursão no psicodelismo, deixando momentaneamente de lado suas raízes no blues.
Um aspecto crucial que definiu a sonoridade do disco foi a ausência do produtor Andrew Loog Oldham, que pulou fora devido ao caos que se instalou nas sessions. O clima de “oba-oba” nos estúdios lotados de convidados, o uso e abuso desenfreado de drogas psicotrópicas e as prisões de integrantes da banda criaram um ambiente caótico que Oldham não quis mais administrar. Essa saída tornou o disco notavelmente “anárquico” — hoje, os próprios integrantes admitem que faltou um produtor para cortar excessos e dar maior coesão ao trabalho.
Sem a mão firme de um produtor experiente, o álbum foi produzido pelos próprios integrantes, resultando em um som que, embora interessante por sua experimentação, carecia da disciplina que caracterizaria trabalhos posteriores. Anos depois, Mick Jagger e Keith Richards praticamente “renegaram” esse trabalho, reconhecendo que a falta de direção externa prejudicou o resultado final.

Esse foi o primeiro álbum da banda a apresentar versões idênticas em ambos os mercados dos Estados Unidos e da Europa — uma mudança significativa considerando a prática anterior de lançar edições distintas. Apesar das críticas, o álbum tem aspectos que merecem destaque: consolidou a passagem do bastão da liderança para a dupla Jagger/Richards e apresentou letras elaboradas com rimas criativas (oriundas principalmente da mente privilegiada de Jagger, que já começava a despontar como um genial letrista do rock and roll).
As sessões também marcaram a entrada do pianista Nicky Hopkins, substituindo o praticamente fundador Ian Stewart (que preferia o boogie-woogie e R&B, detestando experimentações psicodélicas). Hopkins era um músico de estúdio versátil e bastante requisitado no final dos anos 1960, tendo trabalhado com The Kinks, The Who e Jeff Beck. Sua capacidade de se adaptar a qualquer universo musical garantiu sua participação em seis álbuns subsequentes dos Stones, de “Beggars Banquet” (1968) até “It’s Only Rock ‘n Roll” (1974).
Carregadas com rimas simples, as canções “Sing This All Together”, “Citadel”, “She’s a Rainbow”, “2000 Man”, “2000 Light Years from Home” e “On with the Show” abordam temas como curtir a vida, solidão e críticas sociais. Já “In Another Land”, “Sing This All Together (See What Happens)”, “The Lantern” e “Gomper” são pura experimentação movida a psicotrópicos, tanto nas letras quanto nas melodias.
O LP é considerado uma espécie de feedback ao icônico “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” dos Beatles. Embora tenha dividido críticos e fãs na época, hoje é tido como um experimento ousado que evidencia a versatilidade dos Stones. Entre as faixas que sobreviveram ao crivo do tempo e são ainda apreciadas pelos próprios Glimmer Twins estão “She’s a Rainbow” e “2000 Light Years from Home”.
“Beggars Banquet” (1968)
Vamos tratar agora de um discão. “Beggars Banquet”, lançado em dezembro de 1968, é uma verdadeira aula de como fazer um disco de rock and roll, folk e blues rock. Após o turbulento e experimental “Their Satanic Majesties Request”, os Stones encontraram novamente sua essência, e o resultado foi espetacular.
O grande diferencial foi a chegada do produtor Jimmy Miller. Quando ele apareceu no início de 1968, encontrou uma banda já decidida a reencontrar sua identidade musical. Mas foi Miller quem deu forma concreta a esse plano. Com vasta experiência em R&B, soul e música americana de raiz, ele compreendia profundamente os estilos que os Stones amavam. Miller tinha um ouvido apurado para arranjos, dinâmica e ritmo e sabia extrair o melhor dos músicos no estúdio.
O que tornou a parceria tão bem-sucedida foi o estilo de trabalho de Miller: ele incentivava sessões mais espontâneas, valorizava o groove e não tinha medo de interferir — às vezes até tocando instrumentos ele mesmo, como bateria ou percussão. Sem Jimmy Miller, a vontade de voltar às raízes talvez não tivesse passado de uma boa intenção mal executada. Ele foi o catalisador que transformou a ideia em som.
O álbum trouxe novamente o piano da pesada tocado por Nicky Hopkins, cujo estilo era ideal para o som mais acústico, bluesy e refinado do trabalho. Hopkins acrescentou uma elegância e sensibilidade que Ian Stewart, com seu estilo mais direto e rústico, talvez não tivesse interesse (ou paciência) de oferecer.
A versatilidade vocal de Mick Jagger é outro ponto alto do disco. Ele passeia com naturalidade dos agudos mais finos até seus característicos graves carregados com sotaque britânico, como na bem-humorada “Dear Doctor”. Entre as “novidades”, merece destaque a volta dos solos de guitarra, que haviam praticamente sumido durante a fase psicodélica.
Alguns poderiam dizer que Raul Seixas teria se inspirado fortemente na bela canção folk “No Expectations” para criar parte da melodia de “Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás”, um de seus maiores hits gravado cerca de 8 anos depois.
O álbum também manteve a tradição dos primeiros trabalhos dos Stones ao incluir um cover: “Prodigal Son” é tocada com maestria pelo quinteto, constituindo um dos pontos altos do LP.
Entre as verdadeiras joias contidas nesse trabalho magistral, destacam-se: “Sympathy For the Devil”, “Street Fighting Man”, “Jigsaw Puzzle” e “Stray Cat Blues”, faixas que não podem ficar de fora de nenhuma playlist que se preze.
Analisando a rica discografia dos Rolling Stones, “Beggars Banquet” se destaca como um divisor de águas. O disco marcou o retorno às origens de blues, folk e rock and roll, deixando de lado a psicodelia (quase porra-louca total) que caracterizou o trabalho anterior.
As estruturas das canções são bem básicas, com temas que passeiam por crítica social, espiritualidade, relações humanas, sexualidade e solidão. As letras contém rimas básicas, porém inteligentes e criativas; são quase poesias musicadas, revelando a maturidade que Jagger e Richards estavam alcançando como compositores. Temas bíblicos aparecem curiosamente em faixas como “Prodigal Son”, “Sympathy For the Devil” e “Salt Of the Earth”, esta última com uma ótima levada gospel e um final capaz de exorcizar qualquer mau humor (não é a toa a faixa encerra o álbum).
“Let It Bleed” (1969)
“Let It Bleed” foi lançado no segundo semestre de 1969, em meio à turnê americana da banda. Meus amigos, que disco! O trabalho deu vazão àquela pegada mais blues que tinha voltado em “Beggars Banquet”, deixando pra trás a fase mais psicodélica. Muito bem produzida, a obra tem temperos de gospel, country blues e country rock. Um trabalho primoroso de guitarras, baixo, bateria, piano e voz desaguou em um dos melhores LPs de todos os tempos!
Curiosamente, as letras das canções de um dos melhores discos dos Stones não estão entre as mais trabalhadas por Richards e Jagger. Isso possivelmente se deve ao modo de trabalho do produtor Miller, que tinha feito um trabalho incrível em “Beggars Banquet” e valorizava muito a espontaneidade. Muitas dessas letras podem ter sido feitas na hora, no estúdio. Mas apesar de ter poucas rimas interessantes, ficando mais no básico, as letras na voz alucinante de Jagger se encaixam com perfeição (estamos falando do bom e velho rock and roll, sem firulas). A melhor letra é de “You Can’t Always Get What You Want”.
O álbum foi gravado com Brian Jones completamente envolto entre fumacê e psicotrópicos. O cara mal conseguia ficar em pé no estúdio, quanto mais tocar guitarra! Na maior parte das sessões ele estava ausente ou tão chapado que não conseguia contribuir. Acabou sendo mandado embora no meio das gravações e substituído pelo excelente Mick Taylor (para muitos, o melhor guitarrista que já tocou na banda). Menos de um mês depois, Jones faleceu. Das faixas do disco, ele apareceu em apenas duas, tocando instrumentos de apoio. Um fim trágico para quem começou como líder da banda.
O produtor Jimmy Miller, que tinha feito um trabalho incrível em “Beggars Banquet”, voltou e também deu uma mãozinha na percussão em algumas faixas. Mick Taylor entrou com o disco já quase pronto e aparece em apenas duas músicas, fazendo alguns overdubs de guitarra. Na real, quem segurou as pontas foi Richards, que tocou praticamente todas as guitarras base e solo do álbum. Um trabalho digno do gênio que ele é!
Quem também retornou foi Ian Stewart, quase um membro fundador. Ele deu o ar da graça magistralmente na faixa-título “Let It Bleed”, com sua letra divertida, rebelde, erótica e carregada de duplo sentido. No entanto, o piano ficou principalmente por conta da fera Nicky Hopkins, que arrasou em praticamente todas as músicas.
Como já era tradição nos primeiros trabalhos dos Stones, eles incluíram um cover de blueseiro americano: “Love in Vain”, do lendário Robert Johnson.
Comercialmente, o disco fez enorme sucesso, galgando os primeiros lugares nas paradas. Entre as faixas principais, destacam-se “Gimme Shelter”, “Live With Me”, “You Can’t Always Get What You Want” e “Midnight Rambler”.
Tematicamente, “Let It Bleed” gira em torno do caos social e emocional da época: drogas, violência, desejo, alienação e busca por redenção. Liricamente, alterna entre o direto e o simbólico, com rimas que variam de simples a engenhosas e métricas adaptadas ao clima emocional de cada faixa, seja o desespero de “Gimme Shelter” ou a melancolia em “Love in Vain”.
Existe uma curiosidade que vale ressaltar sobre a balada descontraída “Country Honk”, que Jagger e Richards compuseram no Brasil sob influência do sertanejo nacional e que foi incluída nesse álbum. Posteriormente, a dupla refez a música em estúdio junto com Miller e Taylor, adicionando guitarras elétricas, cowbell e um ritmo mais pesado, criando a versão mais conhecida, “Honky Tonk Women” (que seria lançada como single em 1969).
“Sticky Fingers” (1971)
Poucos discos na história da música conseguem reunir tanta intensidade, sofisticação e liberdade criativa quanto “Sticky Fingers”. Lançado em 1971, ele é um dos meus discos favoritos, trouxe riffs eternos e foi fundamental na jornada dos Stones rumo ao topo do gênero musical mais rebelde do mundo. Gravado em diferentes locais e momentos, esse clássico começou a nascer ainda em dezembro de 1969, no lendário Muscle Shoals Sound Studio, no Alabama, quando faixas como “Brown Sugar”, “You Gotta Move” e “Wild Horses” foram registradas em meio à turnê americana da banda.
Algo que realmente ajudou a formatar um excelente álbum foi o estúdio móvel dos Rolling Stones. Na estrada, novamente sob a batuta competente do produtor Jimmy Miller, o grupo encontrou o equilíbrio perfeito entre alma, suor e experimentação. Foi nesse clima que nasceram jams como “Can’t You Hear Me Knocking”.
Os dois músicos que mais se destacaram nesse trabalho talvez tenham sido os guitarristas Mick Taylor e Keith Richards. Além da liderança recém adquirida, Keith acabou se tornando o coração rítmico do grupo, com riffs icônicoscomo em “Brown Sugar” e “Bitch”, além de sua presença constante na construção das bases das canções. Sua combinação de visceralidade, energia e atitude moldou o tempero cru e irresistível do LP.
Por suia vez, Mick Taylor brilhou com sua técnica refinada e solos memoráveis, especialmente em faixas como “Sway”, “Can’t You Hear Me Knocking” e “Moonlight Mile”. Sua sensibilidade musical deu profundidade e elegância às guitarras dos Stones nessa fase. Recém-integrado à banda após sua passagem pelo lendário grupo de John Mayall, os Bluesbreakers (onde substituiu nada menos que Eric Clapton), Taylor disparou notas delicadas que tecem um diálogo perfeito com os arranjos de cordas. Praticamente um autodidata, Mick havia desenvolvido sua técnica refinada estudando os grandes guitarristas do blues americano e absorvendo influências do jazz, enriquecendo, por isso mesmo, o som cru dos Stones. Incentivada pelo produtor, a jam espontânea em “Can’t You Hear Me Knocking” eternizou momentos mágicos; após o que deveria ser o final da música, o Taylor continuou tocando movido pelo feeling, enquanto as fitas ainda gravavam; um dos momentos mais legais da história do rock.

A formação dessa fase é possivelmente a melhor de todos sos tempos: Mick Jagger (vocal), Mick Taylor (guitarra), Keith Richards (guitarra), Bill Wyman (baixo), Charlie Watts (bateria), Nicky Hopkins (piano), Ian Stewart (piano), Billy Preston (teclado), Ry Cooder (guitarra slide) e Bobby Keys (saxofone), entre outros. Todos orbitando em torno do talento do produtor Jimmy Miller, que foi fundamental para uma sonoridade sofisticada e crua simultaneamente.
Esse foi o primeiro lançamento totalmente independente dos Stones, após romperem com a Decca e a London Records. Eles estavam finalmente livres para criar à sua maneira, inclusive na capa provocativa (que seria censurada em alguns lugares), idealizada por Andy Warhol. Mas essa liberdade veio com um preço: Allen Klein, ex-empresário, reivindicou os direitos sobre todo o catálogo da banda dos anos 60. Como vingança silenciosa, quando a Decca exigiu um último single, a banda apresentou a provocadora “Cocksucker Blues”. No entanto, Klein ainda ficou com os direitos de “Brown Sugar” e “Wild Horses”, uma dor de cabeça que duraria décadas.
Cada faixa tem sua história. Mick Jagger escreveu “Dead Flowers” já testando a melodia em casa. “Bitch” teve as bases gravadas no Olympic Studios, com overdubs feitos depois em Stargroves. “Moonlight Mile” foi uma das poucas em que Keith Richards não esteve presente e “Sway” trouxe Mick Jagger na guitarra base. No Brasil, o disco chegou sem a faixa “Sister Morphine”, o que deixou o lado B com apenas quatro faixas — uma falha corrigida no relançamento de 1976.
A qualidade de um disco de rock transcende parâmetros técnicos. Não obstante, aqui vai uma análise: “Brown Sugar”, “You Gotta Move”, “Bitch”, “Dead Flowers” e “I Got the Blues” têm rimas bem simples ou minimalistas. Já “Moonlight Mile”, “Sway”, “Wild Horses”, “Sister Morphine” e “Can’t You Hear Me Knocking” estão munidas com rimas bem elaboradas e qualidade poética. Os temas são variados e abordam amor, autodestruição, solidão, sexo, decadência social e liberdade.
Por tudo isso, “Sticky Fingers” pode ser considerado uma soma de talentos em seu auge. Uma banda no controle do próprio destino, um produtor brilhante guiando as gravações, músicos excepcionais em cada detalhe. Um disco eterno, um dos maiores de todos os tempos. As faixas de maior destaque: “Brown Sugar”, “Bitch”, “Wild Horses”, “Can’t You Hear Me Knocking”, “Dead Flowers” e “Sister Morphine”.
“Exile on Main St.” (1972)
O ápice da fase de experimentação talvez seja a obra “Exile on Main St.” (1972), um LP duplo que encapsula a essência do “rock’n’roll sujo”. Gravado numa mansão na França, o álbum exibe uma variedade de estilos musicais, desde o rock ao gospel, passando pelo blues e pelo country. A técnica do guitarrista Mick Taylor é digna de nota. Pois é, foi em uma mansão decadente no sul da França que surgiu o que alguns consideram a obra definitiva dos Stones. “Exile on Main St.” é um documento sonoro do momento mais caótico e, paradoxalmente, mais autêntico da banda.
Tudo aconteceu na Vila Nellcôte, uma propriedade de corredores sombrios onde Keith Richards se refugiou quando os Stones fugiram da Inglaterra para escapar dos impostos. As sessões de gravação eram tudo menos convencionais — um estúdio móvel estacionado do lado de fora, músicos entrando e saindo a todo momento, Jagger frequentemente ausente e Richards alternando entre momentos de genialidade sonora e efeitos deletérios da heroína.
O que torna “Exile…” extraordinário é justamente sua abordagem crua à música americana de raiz. Esses britânicos obcecados pela cultura dos EUA mergulharam profundamente no delta do Mississippi, no gospel sulista, no country e no blues. O resultado é uma tapeçaria sonora onde cada imperfeição conta uma história:
“Rocks Off” explode com energia bruta e trompetes, embalando versos simples e diretos, complementando a energia caótica de uma das melhores do disco. Energia que continua a se propagar na acelerada “Rip this Joint” (que deve-se ouvir alto), com um trabalho primoroso do baixista Bill Plummer e da dupla de guitarristas; rimas ligeiras e métricas curtinhas para transmitir a urgência e o espírito fanfarrão. Já “Cassino Boogie” tem Bobby Keys destruindo no sax e Watts numa levada quase jazzística, mas com uma melodia embalada no blues; letras aleatórias, rimas soltas e métrica irregular resultam em imagens desconexas que refletem a imprevisibilidade existencial em analogia com jogos de azar. Na mesma toada segue “Tumbling Dice”, com metáforas sobre relacionamentos a jogos; rimas estruturadas, métrica fluida e melodia envolvente compõem uma das mais famosas da obra.
A canção country “Sweet Virginia” tem no piano, no sax e na gaita os instrumentos estruturais; aborda temas como vício e redenção; rimas suaves, métrica flexível re dão um charme a mais. Por sua vez, “Torn and Frayed” mistura elementos de gospel e country para narrar a história de um músico desgastado; as rimas são bem simples, resultando em uma faixa tão despretenciosa e gostosa de escutar . Os Stones homenagearam a ativista Angela Davis com violões folk e gaita; a rimas diretas reforçam o tom de protesto resultando na engajada “Sweet Black Angel”.
Extremamente bem cantada pelo vocalista, “Loving Cup” também brinda o ouvinte com a técnica impecável do baterista Charlie Watts, além de piano e metais apimentados; rimas elegantérrimas e métrica pra lá de fluida. “Happy”, com Keith nos vocais, representa o rock’n’roll em sua forma mais direta e visceral; rimas simples e métrica animada refletindo felicidade. “Turd On the Run” é um faixa estilo gospel que parece ter sido criada numa jam; é bem rápida e repetitiva, passando a ideia de perseguição e fuga; suas rimas apressadas e a métrica frenética reforçam a sensação de urgência.
“Ventilator Blues” é um blues da pesada, soturno e magistralmente cantado por Jagger; o piano de Nicky Hopkins e a guitarra de Keith Richards — este possivelmente no auge de sua carreira — ensaiam um duelo no final; rimas simples e palavras fortes para abordar temas tão importantes quanto liberdade e opressão. Bem mais sem graça é ritualística e repetitiva “I Just Want to See His Face”; as rimas são sutis e a métrica irregular. Mick Jagger é o destaque também na balada “Let It Loose”; as rimas são bem bobas, no entanto, a métrica expansiva permite uma interpretação vocal poderosa.

Os riffs de guitarra e a gaita direcionam “All Down the Line” até a canção encorpar um rock and roll rock bem interessante; as rimas são simples e falam de liberdade. “Shine a Light” emerge como um raio de esperança gospel em meio à decadência, por isso mesmo seria dedicada a Brian Jones; o produtor Jimmy Miller manda muito bem na bateria e os dois guitarristas arrebentam; rimas tocantes e a métrica gospel reforçam a mensagem de consolo.
A música “Tumbling Dice” seduz com seu groove hipnótico. “Happy”, com Keith nos vocais, representa o rock’n’roll em sua forma mais direta e visceral. “Shine a Light” emerge como um raio de esperança gospel em meio à decadência. Encerrando o álbum, “Soul Survivor” evidencia um vocalista muito talentoso e riffs sujos, bem rock and roll e flui.; a rimas e os versos propositalmente simples e diretos sembocam numa canção forte e vigorosa.
A beleza do álbum está precisamente nas sua sujeira. A mixagem abafada, os instrumentos competindo por espaço, os vocais imperfeitos…tudo isso cria uma atmosfera autêntica. Não é a perfeição estéril dos estúdios tecnologicamente avançados, mas o som de músicos reais criando algo maior que a soma de suas partes. Lançado em maio de 1972, “Exile” inicialmente desconcertou críticos com sua complexidade e recusa em entregar hits facilmente palatáveis. Com o tempo, no entanto, consolidou-se como mas um cult, um dos álbuns mais influentes da história.
Sticky Fingers [LP]
![rolling stones — The Rolling Stones - Sticky Fingers [LP]](https://m.media-amazon.com/images/I/71Exq86rMDL._AC_SX679_.jpg)
Disco de vinil dos Rolling Stones
Poucos discos na história conseguem reunir tanta intensidade, sofisticação e liberdade criativa quanto “Sticky Fingers”. Lançado em 1971, trouxe riffs eternos e foi fundamental na jornada dos Stones rumo ao topo do gênero musical mais rebelde do mundo.
The Rolling Stones
Neste post analisamos cinco dos mais importantes discos da história. Aqui, abordamos da fase na qual a banda The Rolling Stones demitiu o guitarrista Brian Jones, fundador do grupo. A sua substituição pelo talentosíssimo Mick Taylor em 1969 marcou o início de uma era de muita qualidade sonora e álbuns memoráveis. No proximo post, falaremos mais dessa que é considerada uma das mais importantes banda de rock de todos so tempos.
Abração!