No alvorecer do rock progressivo, o Genesis foi a banda de Peter Gabriel e Phil Collins. Com a dupla , o grupo lançou quatro sensacionais álbuns que norteariam o estilo: “Nursery Cryme” (1971), “Foxtrot” (1972), “Selling England By the Pound” (1973) e “The Lamb Lies Down On Broadway” (1974)
Em meio ao movimento psicodélico do final dos anos 60, na escola pública de Charterhouse, no Reino Unido, nascia uma das bandas mais influentes do rock progressivo: Genesis. Pouco tempo depois, quando os jovens já tinham seus 18 ou 19 anos, a banda, formada por Peter Gabriel (vocal), Mike Rutherford (baixo), Tony Banks (teclado), Anthony Phillips (guitarra) e John Silver (bateria) este logo substituído por Chris Stewart, viria a se destacar por sua abordagem inovadora e teatral à música. Da formação original em 1967 até a saída de seu carismático vocalista Peter Gabriel em 1975, o Genesis viveu uma era de experimentação, evolução e arte sem precedentes no cenário musical da época.
A banda de Peter Gabriel e Phil Collins
O começo foi humilde, com o grupo tocando em escolas e pequenos eventos locais. As habilidades instrumentais ainda estavam se desenvolvendo, e o estilo da banda ainda buscava uma definição. Entretanto, o potencial estava à vista, e o Genesis rapidamente começou a chamar a atenção. O primeiro álbum, “From Genesis to Revelation” (1969) muito pouco tem a ver com o restante do trabalho de um dos maiores nomes do rock, pois estava muito mais inclinado para e folk e tinha pitadas leves de psicodelia, com o som de piano careta se destacando muito mais do que o do órgão Hammond. Por sua vez, o segundo LP, nomeado”Trespass” (1970), mantinha as letras poéticas do primeiro, mas era muito melhor e mais chegado musicalmente para o lado rock progressivo . De fato, foi com a chegada do baterista Phil Collins e do guitarrista Steve Hackett que o Genesis começou a moldar o som que definiria sua primeira fase.
A transformação se consolidou com o lançamento de “Nursery Cryme” (1971), um álbum que combinava elementos do rock sinfônico com uma narrativa misteriosa e fantástica, características que se intensificariam nos álbuns subsequentes. “Foxtrot” (1972) e “Selling England by the Pound” (1973) elevaram a banda a novos patamares de complexidade instrumental e riqueza lírica, com faixas como “Supper’s Ready” e “The Cinema Show” tornando-se épicos do rock progressivo. A partir dessa época, a fatia da crítica que torcia o nariz para o grupo, especialmente quando comparados a outros grupos contemporâneos e inovadores como Pink Floyd e Emerson Lake and Palmer, começaria a reconhecer a excelência do quinteto.
Mas foi com o álbum conceitual “The Lamb Lies Down on Broadway” (1974), que viria a ser o último de Peter Gabriel com o Genesis, que firmou a banda como uma das mais experimentais e teatrais. A narrativa surreal imersa em paisagens sonoras experimentais e dinâmicas encantou e desafiou os ouvintes. Gabriel, já conhecido por suas performances enigmáticas e uso de fantasias e maquiagem, trouxe cada personagem do álbum à vida nos palcos, criando uma experiência ao vivo memorável.
Mas não era apenas a performance ao vivo que destacava o Genesis. A capacidade técnica e criativa dos seus membros era incrível. Tony Banks com suas camadas de teclados, Mike Rutherford alternando entre o baixo e a guitarra de 12 cordas, Steve Hackett com sua técnica inovadora que se tornaria paradigma da guitarra progressiva e Phil Collins, que além da maestria na bateria, mais tarde deixaria os vocais de apoio e levaria sua bela voz para a frente do grupo, todos contribuíram para o som inovador da banda.
A saída de Peter Gabriel da banda em 1975 marcou o fim de um capítulo. As razões foram múltiplas: diferenças criativas, a pressão do sucesso e a necessidade de Peter Gabriel de explorar novos territórios artísticos. O impacto de sua saída foi sentido profundamente, pois ele não era apenas o vocalista, mas também uma força motriz na composição e concepção dos shows ao vivo. Na verdade, os músicos do Genesis se sentiam como uma banda de apoio para as interpretações de Gabriel, e isso mudaria radicalmente doravante.
O Genesis da era de Peter Gabriel deixou uma marca profundo e um legado que dificilmente será suplantado no prog rock. Foi um marco com esses artistas brilhantes desbravaram o caminho para uma abordagem mais teatral e conceitual no rock, influenciando gerações de músicos e fãs. A mistura de histórias fantásticas com músicas que desafiavam os limites do que era sonoramente possível na época criou um repertório que até hoje é reverenciado no mundo da música.
Ao refletir sobre essa primeira fase do Genesis, é impossível não reconhecer o espírito pioneiro e inovador e a coragem que definiu a banda. Eles não apenas gravaram músicas, criaram mundos inteiros em suas composições. A partida de Gabriel, embora triste para muitos fãs, não foi o fim, mas o início de uma nova era para o Genesis, que continuaria a evoluir e a surpreender o mundo da música.
Hoje, a primeira fase do Genesis permanece como um pilar monumental no gênero do rock progressivo, uma era onde a banda não só encontrou sua voz, mas também desafiou o que uma banda poderia ser. Esse foi um tempo de magia musical e narrativa, um capítulo onde o Genesis, liderado pelo carismático Peter Gabriel, se consolidou como verdadeiros pioneiros de sua arte.
A saída de um frontman, ainda mais um vocalista tão impactante e teatral como Peter Gabriel, poderia significar o fim do Genesis. Contudo, o exímio baterista que já fazia backing vocals assumiu o desafio de se tornar a voz do Genesis e logo Phil Collins começaria a trilhar uma das mais brilhantes carreiras na história da música.
E aí, prog rockers, gostram deste post? Mais adiante voltaremos ao tema e abordaremos a segunda fase do Genesis com Collins como figura central.
Inside Out: Minha História com o Pink Floyd
Escrito pelo único membro que esteve em todas as formações do Pink Floyd . Nick Mason, o baterista que integrou Pink Floyd desde o início modesto na cena underground psicodélica até os mais estrondosos shows progressivos em estádios.
Até lá!